terça-feira, agosto 22, 2023

Minhas influências [2]

Continuando a série, trago mais dois caras que me influenciam pra caramba. Falo tanto musicalmente quanto pela compreensão do evangelho que eles possuem. 


Sonny Sandoval 


A musicalidade do Sonny, vindo diretamente do San Diego, California, é muito pulsante. Tive a oportunidade de assisti-lo ao vivo por duas vezes e é impressionante como ele contagia o público com muito carisma. Vocalista da banda P.O.D., ele já lançou inúmeros álbuns e é um dos principais letristas do grupo. Eu tenho um sentimento muito forte pela música Murdered Love, ela não está entre as clássicas, mas tem uma mensagem sobre a crucificação de Cristo que é muito tocante. Ao lado de outros artistas e skatistas, ele fundou o The Whosoevers, projeto que 
aborda questões como vícios, depressão, desespero e outras lutas pessoais, oferecendo uma mensagem de esperança e redenção. Além disso, o "The Whosoevers" também realiza ações de caridade e trabalha para ajudar comunidades carentes, visando fazer uma diferença positiva na vida das pessoas por meio da mensagem de amor, fé e esperança.
 

Brian Head Welch

Também um dos fundadores do The Whosoevers, Brian é guitarrista da banda Korn, além de frontman da banda Love & Death. O estilo pesado e sombrio das guitarras e melodias me dá uma sensação de profunda paz na alma. A formação do primeiro disco da banda L&D também tinha uma presença de palco surreal, JR Bareis, Michael Valentine e Dan Jhonson eram fora de série. Destaco as músicas Paralyzed, Chemicals, I W8 4 'U, Lo Lamento, Down, The Hunter e White Flag. 

segunda-feira, abril 25, 2022

Kromus - Um registro histórico

O ano era 2003. A cidade era Mossoró, localizada no Rio Grande do Norte. Quatro amigos se destacavam: Rogerlan, Hildonésio, Jataniel e Samuel. Todos músicos amadores e envolvidos em grupos de louvor de suas igrejas, mas, um tanto quanto, frustrados com a limitação musical dentro da esfera eclesiástica. Entre os rapazes, um grande ponto em comum, além do óbvio gosto musical, havia o desejo de criar algo além dos muros da congregação

Dentre as conversas, surgiu a ideia de formar a banda Kromus, um nome resultante da combinação das palavras "Chronos", que representa o tempo humano com princípio e fim, e "Música", uma expressão que reforçava a chegada do momento propício para sua arte. Escolheram esse nome também como homenagem à antiga banda de Jataniel, Kairós, que representava o tempo divino.

Com os papéis definidos — Hildonésio nos vocais e contrabaixo, Rogerlan nos acordes do violão, Samuel na guitarra distorcida e Jataniel na bateria — enfrentaram obstáculos iniciais: falta de instrumentos próprios, ausência de espaço para ensaios e repertório limitado.

Importante mencionar que eram jovens sem experiência comercial, familiaridade musical fora da igreja e noções de criação e produção musical. Apesar disso, até que superaram as limitações e avançaram.

Curiosamente, a composição inicial, "Hey Boy!", marcou o ponto de partida. Com escassos recursos e conhecimento técnico, produziram uma gravação caseira. Essa gravação, embora tenha sido livre de metrônomo e feita com equipamentos improvisados, surpreendentemente obteve resultados satisfatórios.

Os ensaios começaram, mas sem um local fixo, muitas vezes ocorriam nas igrejas, lugares que não eram apropriados. Além disso, todos os instrumentos eram emprestados. Mesmo assim, a banda evoluiu gradualmente até que surgiu a primeira oportunidade de uma apresentação pública.

Kromus fez sua estreia no centro da Avenida Alberto Maranhão, diante de um público predominantemente ligado às igrejas. Embora nervosos, apresentaram "Hey Boy!", sua única composição autoral, e "Luz do Mundo", um cover da banda Militantes. Esse marco impulsionou a busca por mais oportunidades.

A música "Hey Boy!" alcançou o rádio, em uma estação comunitária cristã, conquistando um espaço na programação vespertina. Esse sucesso trouxe convites para eventos e entrevistas, culminando em um show no SESI Mossoró [1]. 


Apresentação no SESI

No entanto, desafios persistiram. A busca por um baterista tornou-se constante. Com um repertório mais amplo, Hildonésio achou difícil cantar e tocar simultaneamente. Jataniel, então, trocou a bateria pelo contrabaixo, enquanto Hildonésio focou nos vocais, e com isso precisavam de um novo baterista.

Apresentação no CEFETAlex Nogueira, apelidado de "Pedal", assumiu as baquetas após essa mudança. Claramente, ele tinha muito mais bagagem e possuía habilidades acima dos demais componentes do grupo. Mas seu interesse pela experimentação moldaram uma formação coesa. 

Essa mesma formação também teve a oportunidade de se apresentar no Intervalo Cultural, um evento regular que acontecia no Auditório do CEFET mensalmente [2]. Com um repertório mais diversificado e o aumento dos convites para apresentações, o entrosamento e a dinâmica dos ensaios foram aprimorados. No entanto, a permanência de Alex no grupo foi efêmera e sua saída marcou o próximo capítulo dessa jornada.

Alex teve que se desligar devido a outros compromissos, impossibilitando sua permanência no grupo. Além disso, Rogerlan, por ter ingressado na faculdade, não conseguia mais conciliar seu tempo com a banda. Assim, a banda, que estava em pleno crescimento, teve sua primeira pausa.

Diante dessa nova realidade, os três membros remanescentes decidiram repensar a proposta da banda. Foi nesse contexto que se cruzaram com o guitarrista Pablo Forlan, com quem estabeleceram uma conexão instantânea. A entrada de Pablo introduziu um estilo mais distintivo, que contrastava com sua experiência prévia restrita ao louvor congregacional. Nesse ponto, a banda adotou definitivamente um enfoque mais voltado ao punk rock. O repertório tornou-se mais enérgico e robusto, experimentando inclusive novas versões para a música "Hey Boy!". Os ensaios passaram a ser mais fluidos e empolgantes.

Um elemento notavelmente unificador surgiu na forma de dois novos sujeitos: Vinícius e André. Eles rapidamente estabeleceram uma ligação próxima com o grupo, demonstrando visível entusiasmo nos ensaios, músicas e bate-papos com os membros. Sua empolgação era palpável e contagiava todos ao redor. Vale destacar que Vinícius, em diversas ocasiões, conseguiu emprestar instrumentos de músicos locais, os quais, muitas vezes, desconheciam a existência da banda. Essa atitude possibilitou que o grupo tivesse os recursos necessários para ensaiar e se apresentar. Além disso, não podemos esquecer dos esforços de Jataniel para assegurar equipamentos emprestados da igreja à qual pertencia, muitas vezes enfrentando resistências de outros membros do grupo de louvor da igreja e até da própria liderança. A dedicação de todos resultou em um progresso para a banda.

Para marcar a estreia dessa formação renovada, o baterista Tácio Medeiros, também conhecido como Tacinho, um jovem ainda pré-adolescente, mas com notável talento, assumiu as baquetas. Nesse ponto, o repertório já abrangia músicas de bandas como Rodox, Virtud e também Militantes. E assim, chegava o momento aguardado: o controverso show promovido pelo site de cobertura de eventos GospelClicks [3].


É inegável que a mudança de estilo do grupo pegou muitos de surpresa. Especialmente aqueles que haviam acompanhado as primeiras apresentações. Os apresentadores do evento, inclusive, não receberam muito bem o peso das guitarras distorcidas, a ponto de desligarem os equipamentos de som durante a apresentação. No entanto, a resposta positiva da maior parte do público deixou claro para a banda que estavam no caminho certo. Infelizmente, após esse episódio, os pais do baterista decidiram não permitir que ele continuasse com o grupo. Essa decisão teve um impacto significativo no percurso da Kromus.

Com o surgimento de novos convites, a banda logo encontrou um novo "baterista" para preencher o posto vago: Pablo Diego, que na verdade era um tecladista. Apesar de não ser um baterista de formação, ele se aventurou no instrumento e muito bem. No entanto, sua participação foi efêmera, limitando-se aos ensaios e a um único evento. Esse evento em particular foi verdadeiramente memorável. Aconteceu na EXPOTEC 2004 [4], um evento realizado pelo CEFET, por convite de um grupo de alunos.

Na EXPOTEC, a estrutura era modesta, com os instrumentos conectados a caixas de som amplificadas dentro de uma sala de aula. A banda se posicionou no centro e o público ao redor, criando uma atmosfera íntima e intensa. A performance ressoou de forma visceral, e o repertório denso e enérgico fez do evento uma experiência de aprendizado sobre presença de palco e conexão com a plateia.

Após esse evento, um novo amigo se aproximou do grupo — Lindimar. Ele era um admirador de músicas mais pesadas e ficou particularmente impressionado com a performance da banda. Logo, ele se conectou fortemente com Jataniel e Hildonésio, proximidade que foi crucial para duas questões: a chegada do último baterista da banda, um jovem chamado Dário; e a  descoberta de um novo local para os ensaios,  o estúdio do guitarrista Helicarlos Herrera. Esse espaço proporcionou à banda um ambiente adequado e equipamentos apropriados para aprimorar suas performances e fortalecer sua musicalidade. 

Com Dário assumindo as baquetas, é possível afirmar que essa formação se mostrou a mais duradoura. A partir desse ponto, a banda experimentou uma sequência sólida de apresentações, frequentemente participando de eventos voltados para jovens em igrejas como a Presbiteriana do Liberdade II e a Batista Fé e Vida no Liberdade I. Além disso, eles se apresentavam em praças e escolas, sempre mantendo fielmente o estilo característico da banda. 

E então surgiu mais uma controvérsia. No Natal de 2004, a banda se preparou para uma apresentação especial da música "Feliz Natal" do Fruto Sagrado. Esse especial estava planejado para incluir a participação de crianças e seria completamente acústico. A ideia era que a música fosse executada antes da tradicional peça teatral que representava o nascimento de Jesus, na Igreja Batista Betel. 

No entanto, na hora marcada para a apresentação, surgiu um desentendimento com a direção da igreja. O ponto de discórdia estava nas vestimentas do grupo, especialmente em relação ao guitarrista Pablo, onde faltavam alguns centímetros de tecido para que sua calça fosse considerada adequada. Esse incidente foi lamentável, mas refletia a realidade das doutrinas daquela época, que muitas vezes se concentravam em detalhes pequenos e bobos, enquanto, muitas vezes, deixavam de lado o propósito mais amplo da mensagem que estava sendo transmitida.

A próxima apresentação marcaria o último capítulo da trajetória da banda. O convite veio dos jovens da Igreja Batista do Sumaré. No entanto, o desdobramento foi surpreendente e fora do comum. O pastor da igreja tentou impor um repertório baseado em hinos antigos, que eram desconhecidos por todos os membros da banda. Além disso, a banda foi cobrada a providenciar a estrutura de som para o evento, que se tratava das conferências de aniversário da igreja. Diante de uma situação tão peculiar e inusitada, a banda se viu obrigada a recusar o convite. 

Essas experiências ilustram como as expectativas e abordagens divergentes podem surgir no contexto da música cristã underground e como esses desafios podem impactar o caminho de uma banda.

Poucos dias depois, ocorreu o último ensaio, com a ausência de Jataniel, Pablo assumiu o contrabaixo. Foi um ensaio notável, marcado pela exploração de novas músicas, incluindo faixas da banda P.O.D, como "Alive" e "Sleeping Awake". O grupo conseguiu montar um repertório diferente do habitual. No entanto, ao término desse ensaio, o baterista Dário compartilhou uma notícia que pegou todos de surpresa, revelando que estava fazendo as malas de partida para São Paulo, e que aquele momento seria o seu último contato com a banda. 

Praticamente com apenas três membros restantes, era hora de encerrar os trabalhos da banda. Já era o ano de 2005, e nesse momento Samuel estava imerso em composições autorais que ainda não haviam sido compartilhadas com os colegas. Decidiu guardá-las para si. O sentimento de dívida em relação à história que a banda havia construído pairava no ar. Faltava o ponto final, aquele fechamento definitivo.

Apesar dessa sensação de inacabamento, todos os membros concordaram que a jornada havia sido valiosa e repleta de experiências significativas. Cada desafio, apresentação e interação moldou a trajetória da Kromus de maneira única. Embora não houvesse um encerramento formal, a banda podia olhar para trás com orgulho por tudo o que haviam conquistado. Era o fim de um capítulo, mas o legado e as memórias permaneceriam vivos. Foi, sem dúvida, uma jornada marcante e enriquecedora.



[1] As músicas executadas no SESI foram: “Restauração” da banda Resgate; “Igual não há” da banda Khorus; “Cantarei desse amor” de Aline Barros e PG, que contou com a participação especial de Sâmella Medley, irmã do guitarrista Samuel; “Adorar a Deus” da banda Quatro por Um; “Tudo vai mudar”, “Sua morte sua vida” e “Ficou pra trás” da banda Militantes; “Hey Boy!”, a única autoral da banda; e um rap quase que improvisado em cima da música “Filhos de Caim” da banda Catedral. Foi mágico.

[2] No Intervalo Cultural, programação realizada no Auditório do CEFET, o repertório foi: “Restauração” da banda Resgate; “Igual não há” da banda Khorus; “Adorar a Deus” da banda Quatro por Um; “Existe Solução”, “Tudo vai mudar” e “Ficou pra trás” da banda Militantes; e “Hey Boy!”. 

[3] As músicas apresentadas no GospelClicks foram: “Tarde demais” e “Viver Assim” da banda Virtud; “De uma só vez” e “Três Reis” da banda Rodox; e “Ficou pra trás” da banda Militantes. 

[4] Na EXPOTEC 2004 as músicas apresentadas foram: “Tarde demais” e “Viver Assim” da banda Virtud; “De uma só vez”, “De costas para o mar” e “Foi bom esperar” da banda Rodox; “Sua morte sua vida”, “Tudo vai mudar”, “Ficou pra trás”, “Existe Solução” e “Me ensine a caminhar” da banda Militantes.



domingo, maio 24, 2020

ContraPulso


Após uma série de problemas particulares durante os últimos quase 3 anos, resolvemos lançar logo em breve uma edição, quase que inacabada, do nosso primeiro EP "Que nem filme de terror", mas acredito que vai se tornar uma versão definitiva, e deveremos nos concentrar nas músicas seguintes. Os planos são de lançarmos 3 EPs temáticos que se complementem. Cada um deles terá 4 músicas. O estreante contará com as seguintes faixas:
1. Caos
2. Que nem filme de terror
3. O Sexto Sentido
4. Sobreviver

Três dessas faixas eu compus para o Moquiwa, duas delas nunca chegamos nem a ensaiá-las, ficaram na gaveta até então. Acredito que quem conhecia a banda vai notar alguma coisa familiar na pegada dessas músicas. Nos EPs seguintes já terão mais músicas feitas diretamente para a nova banda.

Essa é a formação do ContraPulso: Dynho (voz), VValk (guitarra), Samuel (guitarra), Pablo (baixo) e Edifranklin (bateria).


quinta-feira, maio 21, 2020

Minhas Influências

Vou tentar aqui, pouco a pouco, falar um tanto sobre aquelas personalidade que admiro, que me influenciam e ou que me inspiram artisticamente, intelectualmente, espiritualmente, politicamente, a me expressar, a refletir, a entender um pouco da realidade da vida. Não sou nenhum escritor, isso aqui não é nada sofisticado. É meio como um diário particular. Escrevo não esperando que as pessoas leiam, mas somente para mim mesmo.

J. R. R. Tolkien 

Começo com aquele que mais admiro na literatura: John Ronald Reuel Tolkien. Criador de toda a Terra Média, culturas, dialetos, personagens fantásticos. Esse universo me encanta tanto que tenho sonhos vivendo no Condado dos Hobbits, as vezes em Valfenda. Fico impressionado com a forma que ele descrevia cena a cena, cada detalhe de um ambiente, desde cores, xícaras, comidas, músicas. Genial. E toda a fantasia começou nas trincheiras das guerras. Ainda quero ter uma coleção de seus livros na minha estante, quero que meu filho tenha a oportunidade de folhear e ler as estas aventuras.

Peter Jackson

O diretor responsável por dar vida cinematográfica a Terra Média, trouxe a essência daquilo que Tolkien escreveu. Além de uma versão que aprecio bastante do King Kong. Peter também é um entusiasta dos efeitos especiais, foi um dos grandes responsáveis por nos trazer a filmagem por captura de movimento, utilizando aquelas roupas especiais. Aliás, ele tem uma empresa especializada nisto. Andy Serkis costuma ser um grande parceiro na área. Enfim, Falando de diretores de cinema, pra mim este figura entre os melhores, mesmo com uma obra não muito extensa. A trilogia de O Senhor dos Anéis e a trilogia de O Hobbit estão entre as minhas favoritas. Sou grato.

Black Alien - Abaixo de Zero: Hello Hell (2019)

Como um fã do Black Alien e conhecendo a sua história, não sei como algo poderia ser mais pessoal, autoral e particular como esse disco. São poucas faixas, apenas 9, mas são carregadas de sentimentos do tipo restaurador, daqueles que aparecem depois que se passa por experiências de quase morte. 
As faixas trazem letras muito marcantes, como uma auto-ajuda sem necessariamente transparecer isso. O produtor Papatinho foi genial em todas as faixas, captou bem o clima e o disco foi considerado o melhor do ano 2019, em meio a tempos difíceis para a boa música, tantas referências sutis conquistarem um espaço no mainstream é um feito grandioso.
É bom lembrar que o disco representa uma luta constante pela sobriedade do Gustavo Ribeiro (o alienígena negro da lírica berêta).

Faixas:
1. Área 51
2. Carta pra Amy
3. Vai baby
4. Que nem o meu cachorro
5. Take ten
6. Au revoir
7. Aniversário de sobriedade
8. Jamais serão
9. Capítulo zero